Peço a Palavra
segunda-feira, outubro 04, 2004
 
Para quando um «ranking» de sindicatos?

Carregal do Sal mudou de «estratégia» depois dos
«rankings»

Não houve excepção: todos os órgãos da Escola Secundária de Carregal do Sal, no distrito de Viseu, analisaram «cuidadosamente» os resultados dos «rankings» divulgados em anos anteriores, sobretudo o de 2003. «Discutimos os nossos resultados e tentámos arranjar estratégias para melhorarmos», recorda Ana Magalhães, presidente do conselho executivo.

Os primeiros resultados estão à vista: de 2003 para 2004, a escola subiu 175 lugares na lista que analisa a média das oito disciplinas. Já no que toca apenas aos resultados de Matemática, a recuperação foi ainda maior: da 396.ª posição, passou para a 35.ª, com uma média de 11,7 valores.

Qual foi o segredo? «Uma das coisas que fizemos foi repensar os critérios de avaliação. Decidimos que teríamos que dar mais ênfase ao conhecimento dos alunos, sobretudo aos do secundário, que estão já noutro patamar», explica Ana Magalhães.

No caso da Matemática, a escola chegou à conclusão que, também no ensino secundário, seria benéfico concentrar as aulas da disciplina nos primeiros tempos da manhã, altura «em que os alunos» estão mais frescos». Para além disso, para os estudantes do 12.º ano, foi criada, desde o arranque do ano lectivo, uma aula semanal suplementar. A escola decidiu também que o professor de matemática deveria acompanhar os alunos desde o 10.º ao 12.º ano, para assegurar «continuidade pedagógica».

(in Público, 2 de Outubro de 2004, Destacável «Ranking»)


Fenprof diz que «rankings» são «mistificadores e demagógicos»

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) volta este ano a demarcar-se da iniciativa de publicitar a lista ordenada das escolas secundárias com base nas notas dos exames nacionais do 12.º ano, divulgada ontem por vários órgãos de comunicação social. Em comunicado, a estrutura sindical escreve que o «discurso que reduz os indicadores de qualidade das escolas aos resultados dos alunos nestas provas é mistificador e demagógico».

As razões apontadas pela Fenprof são várias, a começar pelo facto de não se poder avaliar as escolas «tendo apenas em conta os resultados dos alunos em exame». Até porque a Lei de Bases do Sistema Educativo atribui à escola várias finalidades, nomeadamente «o desenvolvimento de capacidades e comportamentos que não são avaliáveis em testes escritos».

Por outro lado, a federação entende que estes «rankings nada dizem sobre o contexto em que cada escola se insere, os recursos de que dispõe, os processos que desenvolve e os resultados que obtém nas várias vertentes do seu trabalho».

A Fenprof critica ainda o facto de estas listas serem apresentadas como «pretendendo ser um estímulo à melhoria das "piores" escolas», mas que acabam por «colocar dificuldades acrescidas, tornando os estabelecimentos de ensino alvo de discriminação e desmoralizando alunos, professores e pais».

Ou seja, conclui a federação, os «rankings» servem apenas para «induzir uma lógica de mercado na educação» e constituem uma forma de «publicidade enganosa». Para a Fenprof, só uma avaliação integrada das escolas permite ter uma informação «credível».

(in Público, 3 de Outubro de 2004)


Como pode a Fenprof desejar ser parceira de reforma do sector educativo? Os professores são seus reféns.


Comments: Enviar um comentário

<< Home

Powered by Blogger