Peço a Palavra
sexta-feira, dezembro 10, 2004
 
Coerência
Um político afamado foi eleito para a presidência de uma câmara municipal do norte.
Na campanha eleitoral e durante o primeiro mandato alardeou o seu entendimento de que os cargos políticos deviam ser protegidos da autocracia. E que, por isso, ninguém deveria poder ser titular de um cargo político mais do que duas vezes consecutivas.
Durante o segundo mandato o autarca provocou um seu correligionário e vizinho, dando a entender estar disponível para o seu lugar.
O vizinho era especial amigo do presidente do partido e mostrou-se cada vez mais sólido no lugar.
No fim do segundo mandato, piscou o olho ao Governo anunciando a sua humilde disponibilidade.
Porque o tempo não está para os humildes, o Governo não o chamou.
O Governo caíu e não se levantará.
O autarca anunciou agora que, «em nome da coerência e transparência políticas», faz todo o sentido candidatar-se a um terceiro mandato consecutivo à sua autarquia.

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